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The Cerrado

The second largest biome in South America and the most biodiverse savanna on the planet, it is also one of the most threatened ecosystems on Earth. Learn more about the characteristics and main threats to the Cerrado biome here.

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Data from the MapBiomas Brazil Platform

Cerrado: o coração ecológico e hidrológico do Brasil

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1. Um bioma de importância continental​

 

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e a savana tropical mais biodiversa do planeta. Originalmente, ocupava cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados, correspondendo a aproximadamente 24% do território brasileiro, abrangendo os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, São Paulo, Paraná e o Distrito Federal. Sua posição geográfica central faz do Cerrado uma verdadeira encruzilhada ecológica, conectando outros importantes biomas brasileiros — a Amazônia, a Caatinga, o Pantanal e a Mata Atlântica — e permitindo o intercâmbio de espécies e fluxos genéticos entre eles.

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2. A savana mais rica em biodiversidade do mundo

 

O Cerrado abriga uma diversidade biológica impressionante: são mais de 12 mil espécies de plantas nativas, das quais cerca de 4.800 são endêmicas, ou seja, só ocorrem aqui. Essa flora adaptou-se a condições de clima sazonal, solos pobres e queimadas naturais, desenvolvendo características únicas, como cascas espessas, raízes profundas e folhas coriáceas.

Na fauna, o bioma é lar de aproximadamente 250 espécies de mamíferos, 850 de aves, 320 de répteis, 150 de anfíbios e mais de 1.200 espécies de peixes. Entre os símbolos da fauna do Cerrado estão o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), a onça-pintada (Panthera onca), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), a ema (Rhea americana) e o tatu-canastra (Priodontes maximus) — muitos deles ameaçados de extinção. Além disso, centenas de espécies de borboletas, abelhas e outros polinizadores desempenham papel essencial na manutenção da biodiversidade e na produção agrícola.

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3. O berço das águas do Brasil

 

O Cerrado é conhecido como o berço das águas do Brasil. É nele que nascem as principais bacias hidrográficas do país, como as bacias do Tocantins-Araguaia, São Francisco, Paraná-Paraguai e Amazonas. A vegetação do Cerrado possui um sistema radicular profundo e complexo, capaz de captar água a grandes profundidades e liberá-la gradualmente, regulando o fluxo dos rios mesmo durante a estação seca. Essa característica faz do bioma um regulador natural do regime hídrico e climático do país.

A degradação do Cerrado, portanto, tem impactos diretos sobre o abastecimento de água, a geração de energia hidrelétrica e a agricultura irrigada de quase todo o território nacional.

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4. O avanço do desmatamento e a perda de habitat

 

Desde a década de 1970, o Cerrado tem sido o epicentro da expansão da fronteira agrícola brasileira, especialmente com a implantação de monoculturas de soja, milho e pastagens para gado. De acordo com dados do MapBiomas (2023) e do INPE (PRODES Cerrado), mais de 55% da cobertura vegetal original já foi suprimida, e apenas 20% da área remanescente permanece bem conservada.

A conversão acelerada de áreas naturais em terras agrícolas faz do Cerrado o bioma mais ameaçado do Brasil em termos de taxa de desmatamento, superando a Amazônia em alguns anos recentes. Essa perda de habitat fragmenta as paisagens, reduz a conectividade ecológica e compromete a sobrevivência de espécies endêmicas.

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5. Principais ameaças

 

As principais ameaças que afetam o Cerrado incluem:

  • Desmatamento e expansão agropecuária, com uso intensivo de agrotóxicos e mecanização pesada;

  • Queimadas — tanto naturais quanto provocadas —, que, quando intensas e frequentes, alteram a estrutura dos ecossistemas e empobrecem a biodiversidade;

  • Mineração e infraestrutura energética, como hidrelétricas e linhas de transmissão, que fragmentam o habitat e causam perda de solos e contaminação de rios;

  • Expansão urbana desordenada, que substitui ecossistemas nativos por áreas impermeabilizadas;

  • Mudanças climáticas, que tendem a intensificar a seca e aumentar o risco de incêndios de grandes proporções.

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6. Impactos sociais e culturais

 

O Cerrado é também o lar de inúmeras comunidades tradicionais e povos originários, como quilombolas, geraizeiros, vazanteiros, quebradeiras de coco-babaçu e indígenas, que há séculos desenvolvem modos de vida integrados à natureza. Essas populações são guardiãs de vastos conhecimentos sobre o uso sustentável de plantas medicinais, alimentos e práticas agroextrativistas.
A degradação ambiental do bioma ameaça não apenas espécies e ecossistemas, mas também esses modos de vida e culturas tradicionais, comprometendo a segurança alimentar e os direitos territoriais dessas comunidades.

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7. Caminhos para a conservação

 

A conservação do Cerrado requer uma abordagem integrada, que envolva ciência, políticas públicas, educação e participação comunitária. Entre as ações prioritárias estão:

  • Ampliação e efetiva gestão das Unidades de Conservação, que atualmente protegem menos de 10% do bioma — metade do mínimo recomendado internacionalmente;

  • Restauração ecológica de áreas degradadas, com ênfase na recuperação de corredores ecológicos e nas margens de nascentes e rios;

  • Fortalecimento das políticas públicas ambientais, como o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado);

  • Incentivo à produção sustentável, por meio de práticas agroecológicas, sistemas agroflorestais e manejo comunitário dos recursos naturais;

  • Apoio à pesquisa científica e ao monitoramento ambiental, com uso de tecnologias como sensores remotos e armadilhas fotográficas;

  • Valorização do conhecimento tradicional, reconhecendo o papel das comunidades locais na conservação e no uso racional da biodiversidade;

  • Educação ambiental e mobilização social, promovendo o engajamento da sociedade na defesa do Cerrado.

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8. Um patrimônio natural em risco e esperança

 

O Cerrado é uma joia ecológica que sustenta o equilíbrio ambiental do Brasil e de boa parte da América do Sul. Sua vegetação, adaptada à escassez e à resiliência, é um símbolo de resistência — mas essa resistência tem limites diante do ritmo de destruição atual.

A conservação do Cerrado é uma responsabilidade coletiva, que demanda a ação conjunta de governos, instituições científicas, sociedade civil e comunidades locais.
Proteger o Cerrado significa garantir água, biodiversidade, alimento e estabilidade climática para as futuras gerações.

Mais do que um bioma, o Cerrado é o coração vivo do Brasil — e sua pulsação depende das escolhas que fazemos hoje.

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